sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Reunião 25/10/2012 Secretário Dr. Ságuas Moraes

          Na quinta feira, 25 de outubro de 2012, estiveram reunidos no gabinete da SEDUC, Cuiabá - MT: Dr. Ságuas Moraes - secretário SEDUC - MT, Audecir Vela Arara - presidente do Instituto de Ensino e Pesquisa Maiwu, Filadelfo de Oliveira Neto - presidente do Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena - CEEEI, Sebastião Ferreira de Souza - assessor técnico pedagógico Coordenadoria de Educação Escolar Indígena - CEI/SEDUC-MT e Félix Rondon Adugoenau - Coordenador da Coordenadoria de Educação Escolar Indígena - CEI/SEDUC-MT. As pautas foram: Seminário dos Povos Indígenas do Polonoroeste pelo Audecir; Demandas da 1ª reunião do Conselho que ainda não foram conseguidas que são passagens e combustíveis (gasolina e diesel) para os conselheiros indígenas se deslocarem: aldeia de origem/cidade próxima/Cuiabá - MT e Cuiabá - MT/cidade próxima/aldeia de origem. Todas as demandas foram encaminhadas pelo secretário Dr. Ságuas Moraes. As camisetas solicitadas pelo Audecir não será possível para este ano, ficando para o ano de 2013, sendo o Plano de Trabalho Anual - PTA da Coordenadoria de Educação Escolar Indígena está zerado.
          Félix Adugoenau pontuou a situação em que pela Resolução CEB 03/99 determina que a escola indígena é de responsabilidade do estado e que os municípios ofertarão em regime de colaboração com o mesmo, visto que está havendo vários encaminhamentos contrários do que preconiza a legislação específica referente a educação escolar indígena no Estado de Mato Grosso. E que está havendo pessoas não índias fazendo e passando em concurso público para trabalhar em aldeias indígenas. No ano letivo de 2012, o coordenador teve grandes embates para fazer cumprir a legislação com pessoas não índias que tentaram se efetivar em escolas indígenas o que contraria a política do segmento indígena amparada por mecanismos legais e específicos a nível federal e estadual. O encaminhamento feito pelo secretário Dr. Ságuas Moraes é que o Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena é que faria todo o acompanhamento e não a Coordenadoria de Eduacação Escolar Indígena. 
A preocupação do Coordenador Félix Adugoenau é que embora sendo uma atribuição do estado e principalmente no que diz respeito as políticas da educação escolar indígena que deveria ser emanada na Coordenadoria, não está sendo feito nada para resolver as problemáticas surgidas e atender as demandas relacionadas as escolas indígenas atendidas pelos municípios do Estado de Mato Grosso. Há municípios solicitando ajuda e apoio na oferta da educação escolar para indígenas. No ano letivo de 2012, Félix Adugoenau acompanhou o presidente Filadelfo para atender uma demanda urgente no município de Cotriguaçu do Povo Rikbaktsa na Terra Indígena do Escondido, onde a mais de 5 anos a vida dos educandos escolares não estava regularizada, nem sequer as crianças estavam matriculadas. E aos 25/10/2012, 5ª feira, o Coordenador Félix Adugoenau recebeu um processo de 02 professores e 02 professoras não índios que passaram no concurso municípal de Barra do Garças - MT, enviadas pelo promotor de justiça Dr. Marcos Brant. Essas pessoas já tomaram posse e ainda não estão lecionando nas séries inciais nas aldeias do Povo Xavante deste município. Daí a preocupação do Coordenador Félix Adugoenau. Como não há um efetivo acompanhamento da parte do estado, os gestores municipais estão ofertando a educação escolar conforme o entendimento deles.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Viagem Aldeia Halataikwá - Juína - MT

Aos dias 08 de setembro de 2012, o Coordenador da Coordenadoria de Educação Escolar Indígena - CEI/SEDUC, Félix Adugoenau saiu acompanhando a professor Regina do setor da Educação do Campo/SEDUC em viagem de trabalho para a cidade de Brasnorte, saindo de Cuiabá com a viação TUT, no horário das 20:00 horas, chegando ao seu destino às 05:00 horas da manhã, onde já estava o senhor Nery aguardando com a camionete, a carreta, o barco e motor de popa de 115 hp, a comida e o material necessário para a etapa de estudos dos educandos escolares do Povo Enawenê Nawê.


Porto Municipal de Brasnorte no Rio Juruena

Chefe Enawenê Nawê, Kolareenê e Profª Regina (Educ. do Campo)

Da esquerda p/ direita: Sr. Nery, motorista FUNAI, Kolareenê, Elani e Cleide.

O Coordenador Bororo CEI/SEDUC FÉLIX ADUGOENAU


Porto Municipal de Brasnorte. O trabalho de aterramento foi feito pelo Sr. Nery por iniciativa própria, segundo ele com gastos de seu próprio bolso, caminhões basculates e o trator eram da prefeitura. O corredor dentro das terras do assentamento com abertura de estrada e construção das cercas ao lado da estrada foi feita por ele também e com recursos próprios, os caminhões basculates utilizados foram dos seus irmãos. PARABÉNS Sr. NERY.

Chefe Kolareenê pilotando o barco de 115 hp ao lado do Sr. Nery. 



 Revoada de garças brancas no Rio Juruena



A viagem até o Porto Muncipal foi tranquila. Este porto fica aproximadamente 50 metros acima do antigo porto denominado Antônio Zanardes no Rio Juruena. Após 5 minutos da nossa chegada, encostou a camionete que estava conduzindo as professoras Elani e Cleide do CEJA Alternativo de Juína. A professora Cleide era quem nos acompanhou nas viagens anteriores para a Aldeia Halataikwá na condição de presidente do CDCE e a professora é a atual presidente deste mesmo conselho. Na viagem foram vistos alguns barcos do Povo Enawenê Nawê que retornavam da cidade de Juína-MT na ocasião das eleições municipais. No porto deste povo encontramos poucas pessoas. Logo perguntaram sobre a professora Célia que lecionou para este povo na última entrada para as aulas do Educação de Jovens e Adultos - EJA. Muitos fizeram "cara" de quem não gostou de ouvir o que nós, principalmente eu dizia. Infelizmente a professora Célia não pode ir lecionar junto a eles devido problemas particulares de vida pessoal.
Fizemos uma reunião, presidida pelas professoras Elani e Cleide e com a presença da professora Regina com os educandos escolares no dia 10 de setembro de 2012. Muitos estavam frustados por a professora Célia não ter ido. A professora se pronunciou, anunciando sua desistência depois de termos feito toda a logística da entrada na aldeia. Com isso o Coordenador ficou muitíssimo triste e chateado. Foram convidados os chefes tradicionais como sempre Félix Adugoenau tem todo o apreço e o cuidado de chamá-los para as reuniões. Apenas dois representantes estiveram presentes. Um deles no meio da reunião chamou o nome e disse forte, gritando em pé na entrada da sala de aula: "Félix!... Vocês não trazem professoras sempre. Professora vem e depois não volta. Não vai trabalhar com Enawenê Nawê. Não está certo... Não está certo!!! Queremos professora aqui para dá aula e não para vir uma vez e não volta mais. Desse jeito não vai dar certo. Nós queremos escola de verdade..." A sua voz tremia e oscilava, ora mais alto, ora um pouco mais baixo. Este que falou estava em companhia do chefe de mais prestígio, Kolareenê. Kolareenê foi conosco de Brasnorte até a Aldeia Halataikwá, município de Juína. Kolareenê ficou em silêncio, apenas passou um rápido olhar em meu olhos. No momento em que o chefe que falou alto estava falando, Félix Adugoenau ficou ouvindo calado e sereno olhando o piso da sala de aula. O chefe tinha toda a razão do mundo para ficar chateado. Kolareenê sabia que o coordenador não estava enganando-os. O Coordenador esperou o chefe terminar a sua fala para expor o que aconteceu, mas, ele logo saiu em companhia do chefe de maior pretígio. Félix Adugoenau está em paz consigo mesmo, fez de tudo, esgotou todas as possibilidades para ter uma outra professora que dê continuidade nos trabalhos e lecionar. E, nesta etapa, para dar certo, até aceitou que uma professora da Educação do Campo fosse fechar esta etapa, assumindo para sí todos os riscos de não dar certo. Infelizmente, na avaliação do Coordenador, esta etapa foi a mais difícil no que tange a professora para lecionar. Foi difícil explicar para eles que a professora não iria. Outra pessoa que reclamaram muitíssimo a presença foi a do senhor José Aguiar Portela, o popular "Zito", perguntando quando é que este tecnico pedagógico iria novamente para a Aldeia Halataikwá e o porque que o mesmo não foi nesta etapa, se não gostou deles.
Félix Adugoenau ficou muitíssimo desanimado e triste por prever uma situação como essa acontecer e não poder fazer quase que nada. A situação fugiu de controle.

Da esquerda p/ direita: Sr. Nery (piloto do barco e motorista), Profª pres. CDCE Elani e o Coordenador Félix Adugoenau no porto da Aldeia Halataikwá no dia da saída da aldeia.

O retorno porto Aldeia Halataikwá/Porto Municipal de Brasnorte foi tranquilo.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Reunião Educação e Saúde na SEDUC - MT

05/10/2012 09:18 - publicado por Felix Adugoenau [ Alterar ] [ Excluir ]


Ontem, 4 de outubro de 2012, 5ª feira, aconteceu na Coordenadoria de Educação Escolar Indígena - CEI/SEDUC, reunião agendada com um mês de antecedência para este dia com as instituições: FUNAI/Cuiabá-MT, representante Hilda Maria Gonçalves, Distrito Sanitário Especial Indígena - DSEI-MT com seus representantes Marcelo - farmacêutico, Danielle - assistente social, Zenir - assistente social e CEI/SEDUC com a representante Roberta Simione Moraes que dirigiu a reunião e o Coordenador CEI/SEDUC, Félix Rondon Adugoenau.



Da esquerda para a direita: Roberta Moraes Simione (SEDUC), Hilda Maria Gonçalves (FUNAI), Félix Adugoenau (SEDUC), Marcelo (DSEI-Cuiabá), Danielle e Zenir (ambas DSEI-Cuiabá).

A pauta desta reunião foi Projeto Educação e Saúde. Daniele socializou um trabalho que a equipe da saúde está iniciando na Aldeia Meruri do Povo Bororo. Segundo ela há uma demanda muito forte sobre projeto para o grupo social "Ipare". Conforme a cultura Bororo, "Ipare" é grupo social dos iniciados no mundo adulto no mundo Bororo. Conforme as leis clânicas Bororo, falta envolver os "Iorubodare mage" que embora não seja "Ipare", são peças fundamentais na educação do jovem iniciado nesta fase da vida. E como ela ainda é nova neste trabalho junto ao Povo Bororo, ela quer fazer algo a curto prazo para suprir essas necessidades e demandas que ela conseguiu perceber nesta aldeia. Hilda ponderou sobre os projetos já pensados nos encontros deste projeto no ano de 2011. Salientou que as mudas de cultivares de pomar já estão prontas para irem para a aldeia de Córrego Grande. Outra grande problema apresentado por ela foi a inserção da maconha na Aldeia Pakuera, município de Paranatinga-MT, percebido quando a mesma esteve nesta aldeia do Povo Bakairi, que também é uma preocupação magnânima do coordenador da Educação Escolar Indígena que pontuou, externando grande preocupação, um outro fato que vem acontecendo na comunidade da Aldeia Itxalá do Povo Karajá no município de Santa Terezinha-MT. A assessora técnica Roberta socializou a reunião que ela o assessor técnico da CEI, Maxwell Barros Sampaio, tiveram na Aldeia Córrego Grande - Povo Bororo, município de Santo de Leverger-MT. Félix Adugoenau em sua fala fez análise e ponderou de forma técnica que no ano de 2013, o Plano de Trabalho Anual - PTA da Coordenadoria de Educação Escolar Indígena está comprometido, com valor baixíssimo. E que não se consegui inserir no PTA de 2013 recursos para este projeto e mesmo esse ano a maioria dos trabalhos ficaram sem atendimento por ter sido bloqueado todos os recursos no estado. Ainda havia recurso no PTA de 2012, mas que foram zerados. Diante de tudo isso, ele propôs que se fizesse uma audiência pública para atender o problema de alcoolismo nas comunidades do Povo Bororo. Não foi definido ainda nada e ficou agendada uma reunião para discutir o Projeto Educação e Saúde junto ao Povo Bororo na FUNAI/Cuiabá.

Em tempo manifestação da Danielle Pinto: "Fêlix, bom dia!!! Só para esclarecimento: os trabalhos que estão sendo realizados na aldeia Meruri, não são a curto prazo, até porque as demandas da aldeia requer tempo para que tenhamos resultados! Espero que o trabalho articulado entre saúde e educação gere bons frutos em prol do povo Bororo! Sobre o grupo IPARE, temos sim, que trabalharmos a sustentabilidade com eles e conto com você para um trabalho articulado! Sem mais: Dany Pinto!"
Danielle Pinto | danielle.social | 05/10/2012 09:55

Em tempo: o que Félix Adugoenau disse foi simplesmente que ela (Danielle) "... quer fazer algo a curto prazo para suprir essas necessidades e demandas que ela conseguiu perceber nesta aldeia.", subentende-se que para suprir as necessidades e demandas as ações teriam que ser feitas dentro de prazo muito curto, não tendo que esperar com demandas "para ontem" (jargão muito utilizado por gestores), e não que as ações teriam duração curta. Isso porque nenhum povo indígena quer projetos de curta e nem média duração. Precisa-se de um tempo para adaptação de quem irá trabalhar.

Ok Danielle? Grato pelo seu comentário.

Reunião 03/10/2012, UNEMAT 3º G. Indígena Barra do Bugres - MT




04/10/2012 06:26 - publicado por Felix Adugoenau 


Da esquerda para a direita: Lucimar (Cacique Aldeia Umutina-Barra do Bugres-MT), Félix Rondon Adugoenau (Coordenador SEDUC), Rosa Modesto Cagnoni (Coordenadora logística 3º Grau Indígena), Wellington Quintino Pedrosa (futuro diretor 3º Grau Indígena), Filadelfo de Oliveira Neto (Presidente Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena-CEEEI/MT) e Luís Fernando (Coordenador Técnico Local-CTL/FUNAI, Aldeia Umutina).
Aos dias 03 de outubro de 2012, 4ª feira, no campus da UNEMAT, Barra do Bugres - MT, houve uma reunião proposta pelo prof. Wellington Quintino Pedrosa onde estiveram presentes o Diretor da formação superior indígena - Prof. Dr. Wellington Quintino Pedrosa, o Coordenador/SEDUC, Félix Rondon Adugoenau, o presidente do Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena - CEEEI, Filadelfo de Oliveira Neto, o Coordenador Técnico Local - CTL/FUNAI - Luís Fernando da Aldeia Umutina, o Cacique da Aldeia Umutina - Lucimar, o coordenador financeiro da formação superior indígena - Ivanildo, a Coordenadora logística da formação superior indígena - Rosa Modesto Cagnoni. Esta reunião teve caráter de socialização das mudanças no PROESI - Programa de Educação Superior Indígena que tornou-se uma diretoria, em atendimento ao regimento da própria UNEMAT. Foi feito um propósito pelo diretor supracitado de que toda a estrutura da equipe da formação superior indígena estaria em regime de mudança física para a antiga escola agrícola distante de Barra do Bugres aproximadamente de 10 km, onde os acadêmicos indígenas recebem toda a estrutura de alimentação, hospedagem e estudos.
Uma semana antes desta reunião, o Coordenador da Coordenadoria de Educação Escolar Indígena - CEI/SEDUC já havia sido procurado na SEDUC pela secretária da Secretaria de Ciência e Tecnologia do estado de Mato Grosso, Ana di Renzo e o professor Wellington Quintino Pedroza para uma reunião de socialização sobre as mudanças que estavam ocorrendo no 3º grau indígena e encaminhamentos pela nova diretoria.
Segundo a Ana di Renzo, todos os cursos ficariam mantidos, assim como toda a política de atendimento na formação superior indígena e que a UNEMAT estaria pensando curso de mestrado para os professores indígenas do Estado de Mato Grosso. Esta fala foi ressalvada e legitimada pelo prof. Wellington Quintino Pedroza.

Da esquerda para a direita: Luís Fernando, Lucimar, Ivanildo, Prof. Wellington, Filadelfo e Félix.

Aldeia Córrego Grande 29/09/2012 - Santo Antônio de Leverger - MT

Visita técnica do Coordenador/SEDUC Bororo Félix Adugoenau -, Terezinha Furtado - chefe gabinete SEDUC e Rildo Amorim - fotógrafo e motorista.

O Coordenador Bororo da Coordenadoria de Educação Escolar Indígena - CEI/SEDUC, Félix Rondon Adugoenau, a Chefe de Gabinete - SEDUC, Terezinha e Rildo Amorim (fotográfo e motorista) em visita à Aldeia Córrego Grande, do Povo Bororo, município de Santo Antônio de Leverger - MT em 29 de setembro de 2012, sábado.



Cursistas Bororo, Magistério Intercultural, etapa intermediária.



Félix Adugoenau ao centro, cacique Orivaldo Aiepa (sentado), jovens (esquerda para direita) Nílson e Uwaepa.



Chefe de gabinete SEDUC, Terezinha com criança Bororo no colo.



Ruínas do prédio do antigo SPI.



Ruína predial SPI, uma foto artística do meu amigo Rildo Amorim.



O Coordenador-SEDUC, Félix Adugoenau falando sobre as cheias nas margens do rio São Lourenço.



"Okwaru onaregedu rogu" - filhote de tatu peba. Só faltou o meu amigo Rildo Amorim fazer cócegas na barriga do filhote. O pequeno chegou até os pés do mesmo.



No caminho Aldeia Córrego Grande/Cuiabá, paisagem deslumbrante do pantanal em época de seca.

OBS.: todas as fotografias foram tiradas pelo meu amigo Rildo Amorim que teve a sensibilidade de perceber e escolher os ângulos para as perfeitas tomadas de paisagens.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

FÉLIX RONDON ADUGOENAU, QUEM É ESSE?

QUEM É FÉLIX RONDON ADUGOENAU

Mas, afinal das contas quem é esse Félix do Povo Bororo que já está aqui em Cuiabá há algum tempo e não o conhecemos direito?
Uns acharam que é um oriental, outros que fosse boliviano, outros que fosse de um povo indígena perdido e já sem identificação. Ainda que fosse um indígena da America Latina, menos do Brasil. Outros não pararam para perguntar.

Depoimento de Félix:
ADUGOENAU é o meu nome original conforme as leis clânicas do meu povo.
FÉLIX RONDON é o nome utilizado para transitar no mundo não indígena.
Pertenço ao povo indígena reconhecido oficialmente pela FUNAI com o nome de BORORO, autodenominação BOE, metade matrilinear exogâmica "Ecerae"  - Filhos, situado ao norte da aldeia Bororo, clã "Badojeba" (clã dos chefes tradicionamente e milenar), subclã "Badojeba Cebegiwu" (subclã dos chefes de baixo).
O nome Adugoenau é grafado corretamente: "ADUGO" "ENAW". Erro de escrita do cartório onde fui registrado com certidão civil. Adugo é um dos piores espíritos conhecidos e concebido pelos Povo Bororo, responsável pelas mortes. Para o Bororo há duas mortes: morte física e morte espiritual. A pior delas, a morte espiritual. O nome Adugo não é para homenagear o espírito causador da morte, mas em desafio, enfrentamento e sincronicamente contrapondo-o. Mostrando a ousadia do Povo Bororo querer existir na condição de povo.
Outro nome que sou reconhecido dentro do Povo Bororo é "ARUA KUDU" que traz o significado 'Chefe que Ordena'.
Badojeba é o clã dos chefes milenares cultural do Povo Bororo do qual descendo e venho de uma linhagem antiga de chefes Bororo. Imuga (minha mãe) veio desse clã. E como a organização social Bororo é matriarcal, também pertenço a este clã. Iogwa (meu pai) foi chefe Bororo na condição de cacique, seu nome de origem Cibae Ewororo e nome de transitação no mundo não indígena, Lourenço Rondon. Iogwa pega (meu avô) foi chefe, seu nome de origem, Aige Kuguri, nome de transitação no mundo não indígena, Eugênio, os mais respeitados e reconhecidos da época deles. Os dois lutaram juntos pelo território de Meruri, atual Reserva Indígena de Meruri, município de General Carneiro - MT, fizeram aliança com outros chefes Bororo para proteção de todos os territórios do Povo Bororo. As terras da reserva de Meruri tem sido misturada com o sangue de meu pai, na ocasião em que jagunços e pistoleiros mataram o Pe. Rodolfo Lukenbein de nacionalidade alemã. 
Não tenho a ousadia de ser um chefe Bororo. Não o sou, mas a posição que ocupo na intrínseca organização social do Povo Bororo mais a participação nos rituais sagrados, a educação recebida dentro da filosofia Bororo, inserção no ciclo da adolescencia e posteriormente adulto na forma tradicional e milenar me dão esse atributo e magnânima responsabilidade de sempre cuidar dos outros (do Povo Bororo). Não é vaidade pessoal, conforme o pensamento filosófico na educação Bororo, chega a ser até uma obrigatoriedade, olhar os mais necessitados e os mais fracos e sofrer com eles. Lutar junto com eles, não para eles. Vou morrer assim. A condição de vir de um clã de chefes faz com que o meu comportamento seja diferente dos demais. Nas minhas andanças nas aldeias Bororo, fui doutrinado por vários mestres. O último deles foi um "Pao pega" (Pai de Todos) da Aldeia Córrego Grande, conhecida também com o nome "Korogedo Paru" (Barra do rio dos Koroge) (seguno os anciões e anciãs Bororo, Koroge é um povo que já não existe, outrora, inimigo do Povo Bororo). Não podemos falar o nome de quem já faleceu, mas a ocasião faz com que fique registrado e para dar legitimidade do estou falando, seu nome de origem é Metia Adugo, nome de transitação, Valentim, pai do atual diretor da Escola Korogedo Paru, Bruno Tavie. Tavie quer dizer Gaivota. Na cultura Bororo o Bruno Tavie me chama de "iogwa" que quer dizer meu pai, em respeito ao seu próprio pai, "Metia Adugo" que é do mesmo clã e subclã que eu.
A educação recebida conforme os valores do Povo Bororo tem sempre me direcionado que, qualquer ato, circunstância, decisão é passado automaticamente para o pensar Bororo, pelo crivo dos valores e envergadura dos "Boe Eimejerage" (Chefes Bororo). As decisões são tomadas primeiramente no âmbito do pensamento Bororo com rápidas perguntas:
- Irei praticar o bem para o equilíbrio? 
- Estarei em paz com o universo? 
- Irei ajudar meu companheiro (a)? 
- Não irei prejudicar meu companheiro (a)?
Tenho medo e tenho ódio. Fui doutrinado para odiar o não Bororo, principalmente o "barae" - homem de pele branca e o "tabae" - homem de pele negra. Todo homem tem no seu coração o medo, mas meus avós me ensinaram a esconder o meu medo. Meus avós ensinaram-me que antes eu deveria aprender a ter medo e depois falaram-me que era necessário depois de ter medo saber me defender. O medo seria um impulso para melhor defesa. Nos tempos atuais sinto o medo, o pavor de fazer coisas erradas, estando longe de casa e por muito tempo. As inquietações me acompanham aonde quer que eu vá sempre à procura do equilíbrio e logo da paz com o mundo dos meus antepassados, fazendo o que tem que ser feito para atender não a mim, mas aqueles que um dia deixei para trás e que anseiam por uma sombra sutil e rápida do meu corpo, um sussuro, um leve tocar de meus dedos em algo áspero para alivar-lhes de um tristeza, de um pensamento reprimido de que coisas melhores virão. Há muitas coisas a fazer e tenho a plena consciência de que morrerei sem ver os resultados de algumas ações que agora tomam um novo direcionamento. Sinto a tristeza de pensar que somos um povo em decadência. Já não temos o nosso vasto território para reprodução física e cultural. Em todas as aldeias do Povo Bororo ouço essa lamentação.
Atualmente ocupo o cargo de coordenador na Coordenadoria de Educação Escolar Indígena - CEI, um setor da Secretaria de Estado de Educação - SEDUC-MT, função que traz outras grandes responsabilidades. Antes eu trabalhava na função de Técnico de Desenvolvimento Econômico e Social - TDES na SEDUC, Cuiabá - MT. E sei perfeitamente que a dialogicidade deverá permear em todas as negociações e encaminhamentos de um política para o segmento indígena.
Não quero mudar o mundo, não ouço mudar a governo. O fato de que eu mudei é o que importa, redirecionando-me atento para novas mudanças. Devemos mudar-nos interiormente, ou seremos eternos descontentes, achando que o futuro está lá adiante e que basta estalarmos um dedo que este futuro virá. Pelo contrário, nós é que devemos ir à luta primeiramente, com olhos voltados para as problemáticas. Somente assim teremos condições de avaliá-las e procurar um meio de resolvê-las, contorná-las ou achar uma resposta adequada.