quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Estranhamentos no VIII Seminário em Cáceres - MT

Ontem saímos, eu, Félix Adugoenau e Edvamilton de Cuiabá as 16:40, horário de Cuiabá - MT com destino para a cidade de Cáceres que dista aproximadamente de Cuiabá a 216 km com mais de 3 horas de viagem.
Em Cáceres estava marcado para a data de 2 de setembro de 2014 o evento VIII Seminário de Ensino de História e I Encontro Estadual de Ensino de História com o título O lugar de índio no Ensino de História: e aplicação da Lei 11.645/08 nas escolas. A Lei Nº 11.645/08 que conforme o Art 26-A, Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo
da história e cultura afro-brasileira e indígena. Altera a Lei Nº 9.394/1996, modificada pela Lei Nº 10.639/2003 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática Históra e Cultura Afro-Brasileira e Indígena, conforme http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/93966/lei-11645-08.

O fato: no evento estava abordando-se o "índio".
Estranhamento 1: o título é muito pobre, reducionista e generaliza os povos indígenas - "O lugar de índio no Ensino de História." Remete a um linguajar segregacionista, depreciativa e ofensiva o qual já ouvi várias vezes em minha estadia em Cuiabá: " O lugar de índio é na aldeia". Como se fosse proibido o indígena transitar no mundo não indígena, e/ou, impossível de acontecer. Ou ainda, não haver lógica nenhuma o indígena transitar na cidade.
Estranhamento 2: Félix Adugoenau não foi chamado para compor a mesa da abertura e também não foi chamado para composição da segunda, a mesa redonda. 
Estranhamento 3: a conferencista em sua fala utilizou das seguintes palavras: "... o índio mora na selva...". Ora, não deveria-se pelo menos desmistificar a figura do "indígena selvagem" que traz uma carga altíssima de pejorativismo e depreciação na contemporaneidade, embora muito utilizado pelos estudiosos da época em referência aos povos indígenas?... Indígena nenhum mora na selva. Moram em aldeias. Moram em suas casas.
Mesmo sendo mencionado pelo Coordenador Edvamilton que fez a fala representando a Secretária de Estado de Educação, a sua presença não foi registrada pelo cerimonial que registrou a presença de uma pessoa, mas não mencionou Félix Adugoenau.
Se é assim que tratam uma autoridade indígena dentro de uma instituição como a SEDUC - MT, como será tratado um indígena que não o é?... Incrivelmente no folder continha uma fotografia com os dizeres: Homem e mulher Bororo, Aimé-Adrien Taunay - 1827. Acervo da Academia das Ciências de São Petersburgo, e, Félix Adugoenau é Bororo. Cáceres é território antigo do Povo Bororo, dos Bororo Ocidentais.


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