sexta-feira, 16 de novembro de 2012

EDUCAÇÃO NA CONDIÇÃO DE PRÁTICA DA LIBERDADE

Félix Adugoenau redigiu o texto abaixo aos 12 de novembro de 2012, 2ª feira, na UFMT no Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGE como parte exigida da prova de mestrado em educação - processo seletivo para ingressantes em 2013 na prova escrita, com base no excerto do livro "Educação como prática da liberdade" de Paulo Freire. A exigência foi do texto ser dissertativo e argumentativo considerando os aspectos relevantes do debate contemporâneo sobre a Educação no Brasil:
         
"A dualidade existencial ainda é bastante forte na maioria dos docentes e mesmo em alguns pesquisadores da educação, depois que terminam uma tese de mestrado e/ou doutorado. Teorizam, discursam sem no entanto conceber a "Educação como prática da liberdade" como algo fundamental para ser vivido, primeiramente, após experimentos práticos e posteriormente estende-la ao entorno. Não raro, a maioria dos docentes teorizam e apresentam essa mesma teoria e na prática fazem o contrário. A exemplo disso são os "Ciclos de Formação da Pessoa Humana". A organização das turmas por ciclos de formação ainda está longe de acontecer de forma que satisfaça aos educandos escolares. Falta empenho dos docentes e também outros fatores externos fazem com que os trabalhos atendam de fato pessoas com realidades diferentes.
          Para acontecer a "Educação como prática da liberdade" deve-se haver a libertação da própria pessoa docente e todo o conjunto dos profissionais da educação que deixam transparecer em sua prática ora como oprimido, ora como opressor. Tem ainda introjetado a figura do dominador, daí a existencia da dualidade existencial.
          Falar e defender a "educação como prática da liberdade" e querer impor o seu status é um doloroso e grande equívoco, voltando nostalgicamente à sua origem. É dominar. É necessário se aproximar, sentir cada passo, receio, anseio, as suas aspirações como pessoa e como parte de um todo de uma comunidade. Mas não basta somente aproximar é necessário viver e sentir as problemáticas, as alegrias e as pequenas vitórias do opimido. É mister haver a alteridade e quando mais radical, a mímesis, sem as quais não se pode estar e lutar ao lado do oprimido de forma que ele reconheça no outro, ele mesmo. O reconhecer no outro, ele mesmo, progressivamente mudará a sua consciência, passando a se reconhecer na condição de oprimido. Enquanto o oprimido não se reconhecer na condição de oprimido dificilmente se conseguirá avançar na busca da sua libertação que  deve ser constante.
          Quem melhor para reverter a situação de oprimido que vive, sente e sofre com os produtos sociais da opressão que o próprio oprimido?
          É necessário que a libertação aconteça em ambas as partes: educando escolar (oprimido) e docentes (oprimidos e opressores). Opressores porque reproduzem uma educação da opressão onde e como se escolarizaram em escolas com perigosa superposição à realidade, quase à moda europeia.
Com a libertação dos profissionais da educação, e, principalmente do professor é que se poderá pensar em ações responsáveis e conscientes.
          Somente com a saída da sombra do opressor e com a ocupação desse espaço de uma consicência responsável transitivocrítica é que se poderá pensar em ideais de mudanças para acontecer  uma educação com a prática da liberdade.
          Somente com a libertação é que acontecerá outros passos rumo às políticas públicas que deem suporte ao acontecer no diferente, nas especificidades, imprescindíveis à realidade do educandos escolares. É necessário ainda que estas políticas de atendimento tenham respaldo legal nas esferas federal, estadual e municipal e principalmente que sejam asseguradas na legislação, num mundo em que se faz vigente o produto social a cultura da obediência e não a cultura da consciência.
          A partir do momento em que a educação acontecer como prática da liberdade então teremos de fato cidadãos e cidadãs com consciência crítica na busca da humanidade dos homens.
Antes de educar é preciso humanizar-se. O docente, o educando escolar e toda a comunidade escolar. Então teremos um mundo melhor no reconhecimento do diferente e respeito mútuo.
          A dialogicidade terá que ser parte na educação para permanente busca da liberdade e libertação de forma geral."

Nenhum comentário:

Postar um comentário