quinta-feira, 13 de junho de 2013

Fazendeira vira antropóloga e faz laudos contra indígenas

Em alguns órgãos governamentais e não governamentais existem pessoas que se tornaram anti-indígenas declarados, após anos acompanhando as problemáticas indígenas. Depois de conhecerem de perto as situações que envolvem os Povos Indígenas, torna-se ferrenhos aliados daqueles que tem interesse nas terras indígenas e do que está em seus subsolos. Se por um lado nós Povos Indígenas temos interesse e necessidade de conhecer os códigos dos não índios, também eles ainda utilizam o mesmo processo iniciado desde que os portugueses desembarcaram nestas terras, em um outro tempo e espaço. É tanto quase prejudicial igual ao casamento de indígenas com não índios, em muitos casos.
É preciso aprender a desconfiar da "honestidade" de algumas pessoas, dos "bons relacionamentos", como diz a fazendeira antropóloga. Há muitas pessoas com este mesmo ou quase igual objetivo e perfil no Brasil afora. É preciso estarmos com os nossos instintos de sobrevivência, aflorados e afiados.
Não se enganem. Não se equivoquem. Não romanceiem todas as vivências, porque gritos longos e choros inconsoláveis ecoam na eternidade pelo  sangue de nossos mártires tombados nestas terras.
Confiram, "Fazendeira vira Antropóloga e faz laudos contra 'índios'".



Matéria da Folha de São Paulo em 9 de junho de 2013 Fazendeira vira antropóloga e faz laudos contra índios DO ENVIADO A CAMPO GRANDE Roseli Ruiz tem diploma de antropóloga e faz perícias em terras em litígio. Sua filha, Luana, dirige a ONG Recovê --"conviver", em guarani. Mas ambas estão entre os mais ferrenhos defensores dos proprietários rurais de Mato Grosso do Sul na disputa de terras com indígenas. "Fui invadida em 1998 e, no ano seguinte, fui fazer direito para entender esse desmando. No decorrer do curso detectei que o que estava fundamentando não era a legislação, e sim um relatório antropológico", explica Roseli, que fez uma pós-graduação na Universidade Sagrado Coração, em Bauru (SP). A propriedade fica em Antônio João (a 280 km ao sul de Campo Grande), na fronteira com o Paraguai, e tem 10 mil hectares. Uma parte minoritária está tomada por famílias guaranis-caiovás. Com o tempo, conta Roseli, ela passou a fazer relatórios antropológicos em vários Estados, como Mato Grosso e Paraná. Seu próximo trabalho será na área da Raposa Serra do Sol, em Roraima. Ela afirma que, em todos os estudos, não encontrou nenhuma terra indígena. Ela admite que algumas áreas indígenas precisam ser ampliadas, mas via indenização justa, "e não confisco". "Não é assunto para demarcação quando os índios foram retirados para colonização. Não se pode fundamentar em 1500. Senão, o prédio da Folha tem de ser desapropriado e entregue pra índio", afirmou. A antropóloga-fazendeira afirma que tem um bom relacionamento com os índios. "Na minha fazenda, do lado do Paraguai, temos uma aldeia. E, desde que nós mudamos, há 32 anos, quem socorre os índios sou eu. Quando ocorria uma picada de cobra, eles vinham na fazenda solicitar que fossemos buscar." Ao seu lado, a advogada Luana disse que a criação da ONG foi a solução encontrada para "nos legitimar e participar das reuniões e descobrir o que está acontecendo". A entrevista ocorreu durante uma carreata realizada pelos produtores rurais anteontem. Em certo momento, uma amiga cumprimentou Roseli brincando: "Não vai virar a casaca, hein?".

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